Eco Política - os desdobramentos da política de um país agrícola

A questão ambiental, principalmente em relação ao desmatamento no Brasil, tem sido uma preocupação crescente para a comunidade internacional e nacional. Em 2021,  segundo relatório do MapBiomas, o estado do Pará foi o que mais desmatou na região, seguido pelo Amazonas, Mato Grosso, Maranhão e Bahia. 

O Brasil é um país extremamente rico em recursos naturais e, ao mesmo tempo que isso pode ser um aspecto positivo, tal fator também pode ser um dos maiores problemas do país. Isso porque a economia brasileira cresceu e ainda cresce ao redor da agricultura e da pecuária, além da exploração dos recursos que nossas vegetações nos proporcionam. Por isso, há séculos o desmatamento dos nossos ecossistemas, para a criação de gado e para a exploração intensiva, foram ficando cada vez mais comuns. Entretanto, assim como existem aqueles que defendem o agronegócio e sua existência sem que haja nenhuma barreira governamental, também existem grupos ativistas que tentam evitar a degradação ambiental, e tais grupos foram crescendo cada vez mais nas últimas décadas. 

No século passado, pautas ambientais já existiam, mas foi apenas depois da ECO-92, primeira convenção da ONU sobre Meio Ambiente, que os próprios governos passaram a ter que dar uma atenção mais cuidadosa para as questões ambientais. Mas, como já dito, ainda existem muitos conflitos entre pautas de proteção da natureza e alguns partidos políticos no Brasil. Por esse motivo, essa reportagem traz uma relação entre os partidos que foram mais votados para cargos legislativos, em 2022, nos estados que mais desmataram em 2021.

A partir do gráfico abaixo, é possível pensar em uma análise sobre qual a relação entre os partidos citados e questões ambientais. Para o professor de filosofia e sociologia do cursinho EACH, Cleiton, “Política e meio ambiente têm uma relação curiosa no Brasil. Embora alguns partidos e políticos realmente se preocupam com a causa em todo momento, alguns só se pronunciam sobre em situações específicas como as eleições e nesses casos a maioria das vezes somente quando questionados sobre. Ainda sim muitos não fazem jus a real importância dessa causa.”. Isso porque os dados podem ajudar a entender a relação entre meio ambiente e política, evidenciando a influência dos interesses políticos na proteção do meio ambiente e na tomada de decisões relacionadas à conservação das nossas florestas, ou não.
O estado do Pará faz parte da região amazônica do país e é o estado que mais desmatou áreas de vegetação natural em 2021. Nas eleições do ano passado, o partido mais votado para Câmara dos Deputados no Pará foi o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Tal partido não se considera alinhado nem à esquerda nem à direita, podendo ser considerado central ao espectro político, segundo seu site oficial.

No entanto, nas eleições do ano passado, por mais que a candidata à presidência pelo partido, Simone Tebet, tenha apoiado a campanha de Lula, muitos afiliados do MDB foram favoráveis à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ainda, segundo o Monitoramento do Congresso, ferramenta criada pelo portal de jornalismo “O Eco”, o MDB, junto com o PL, está entre as legendas que mais votam em projetos que colocam em perigo a preservação do meio ambiente.

Seguindo para o Senado, o político eleito, em 2022, para Senador do Pará foi Beto Faro, do PT (Partido dos Trabalhadores). Este partido, em oposição ao anteriormente analisado, possui uma melhor relação com as pautas ambientais. Inclusive, no dia 8 de março deste ano (2023), Faro afirmou que seu mandato, entre outros pontos, dará importância ao combate à crise climática e ambiental.

O Amazonas, segundo estado com maior números de desmatamento em 2021, teve o União Brasil como partido que mais elegeu deputados federais. Nesse caso, o UB não possui um bom histórico em relação à luta contra o desmatamento no Brasil. É possível observar, ainda de acordo com o Monitoramento do Congresso, que mais de 90% dos deputados e senadores do União Brasil votaram à favor dos cinco Projetos Legislativos observados pelo site e considerados os mais nocivos ao meio ambiente, no último século.

Ainda no estado do Amazonas, o senador mais votado foi Omar Aziz, que já defendeu, anteriormente, o cultivo de cana-de-açúcar na região da Amazônia Legal. O partido ao qual Aziz é afiliado é o PSD (Partido Social Democrático), que, assim como outras legendas aqui analisadas, também possui um histórico de votação a favor de projetos que colocam em risco a preservação ambiental no país.

O Mato Grosso, como mostrado no gráfico, também está na lista dos estados que mais desmataram áreas de vegetação natural, em 2021. Neste estado, o PL (Partido Liberal) foi o mais votado tanto para Câmara dos Deputados, quanto para o Senado, com Wellington Fagundes como representante. 

Assim como o próprio estado do Mato Grosso, o PL possui uma relação forte com o agronegócio. Como já citado, este partido é um dos que mais votam em projetos não favoráveis à luta contra a degradação ambiental. No entanto, Fagundes, além de estar agora no seu segundo mandato como senador do Mato Grosso pelo PL, também criou e presidiu a Subcomissão Permanente de Proteção ao Pantanal, em 2021. 

O PL, ainda, foi o partido que ganhou mais assentos na Câmara dos Deputados pelo Maranhão.No entanto, o estado nordestino elegeu, ano passado, Ana Paula Lobato, do PSB (Partido Socialista Brasileiro), como senadora. Diferente do PL, o PSB é um partido que possui um histórico de defender causas ambientais no Congresso. No entanto, por mais que a senadora Ana Paula Lobato defenda muitas causas sociais, ela não possui declarações significativas sobre a questão do desmatamento de vegetação natural no Brasil. 

Por fim, como mostra o gráfico apresentado nesta reportagem, a Bahia elegeu mais deputados federais do PT e, para senador, escolheu Otto Alencar, do PSD, que prometeu fazer um mandato com atenção especial para o meio ambiente.
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